segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Fui raptado!!!


Muita gente diz "No meu tempo as crianças podiam andar na rua o dia todo e não havia perigo".
Será verdade?
O Kumekei quando tinha 8 anos já ia com os índios todos a pé para a Albarquel pelo meio do mato e ainda cá está. (Para infelicidade de um largo numero de indivíduos).
Saia de casa ás 9 da manhã e aparecia ás 7 da tarde. Não haviam telemóveis e percorria-se a cidade toda a pé. (As vezes a correr a frente de alguém que nos queria bater com um pau).
Jogava-se á pedrada (as pedradas na tola não justificam tudo mas não me fizeram bem), a apanhada, as escondidas, ao roró (sempre com tácticas especiais e malta encavalitada em escorregas para ser mais difícil), fazíamos baloiços nas árvores, andávamos á porrada com o pessoal do outro bairro, íamos ao banho á doca, jogávamos á bola, etc...

Agora vou fazer a análise de todas aquelas brincadeiras e porque é que não são possíveis agora.
Não se joga á pedrada porque os meninos podem magoar-se e depois tem de ir para o hospital com um terrível arranhão e ficar lá internados 2 semanas.
Não se joga á apanhada porque ficam todos suados e depois a maquina tem de lavar a roupa (uma chatice eu sei) e podem cair no chão e arranhar os joelhos gorando assim uma potencial carreira como modelo de pernas.
Não se joga ás escondidas porque pode vir um malfeitor e levá-los para um sitio mais recôndito do que o que foi planeado e fazer um jogo chamado "Toca a gaita de beiços e sacode as bolas com o queixo" (um jogo de grande técnica, talvez mais que o proprio chiquilho).
Não se joga ao roró porque os putos não fazem a mínima ideia do que isso seja (mas suspeitam que seja um jogo da Konami sobre um Samurai Anão que luta contra a dificuldade de mijar num urinol muito alto, que vai sair por altura do Natal).
Não se faz baloiços nas árvores senão aparece a Quercus a dizer que as pobres arvore foram feitas para carregar fruto e não putos gordos aos saltos numa corda com um pau atravessado.
Não se anda á porrada porque se fica com problemas de agressividade e depois tem de se ir ao psicólogo deixar uma fortuna porque o menino "bate nos coleguinhas" (a culpa é dos desenhos animados, 3 meses sem televisão que é para aprenderes)
Não se vai ao banho á doca porque a água está suja e podem apanhar uma irritação na pele ou, como eu ouvi uma "tia" a dizer a uma menina de 3 anos "Olhe, não caia á agua porque a agua tem muito óleo depois você engole o óleo e vai ao fundo" (ao fundo foi o cérebro desta senhora há já bastante tempo, será que nas festas dos socialite servem ácidos?).
A última não posso dizer que não se joga. Os putos realmente jogam a bola... mas em escolas de futebol promovidas por antigos jogadores em relvados sintéticos e com armaduras de carbono nas pernas que é para não se aleijarem.(Nos bons velhos tempos jogavas com pedras, pacotes de sumo, com a mochila, era o que viesse á mão)

Mas voltando ao que me trouxe aqui... fui raptado este fim-de-semana.

Ia eu descansadinho a passear na Estacada do Carvão quando me aparecem dois indivíduos encapuçados num carro de alta cilindrada e me perguntaram as horas.
Eu respondi: "São 20 minutos para as 9:20." e eles seguiram o seu caminho em direcção á lota para comprar 3 caixas de Alcorrazes que já tinham encomendado a semana passada.(Pelo aspecto tinham passado a noite toda a apanhar gambuzinos. Ainda traziam o saco, a lanterna e a tesoura... mais informações sobre a caça ao gambuzino em breve...)
Nisto aparece-me um anão que, sem aviso prévio correndo com o braço no ar e dizendo "vou dar-te um soco nos tomates" me deu um soco nos tomates, me amarrou com uma corda e me enrolou numa das redes de pesca que ali estavam e me enfiou na mala de um Renault Super 5 verde.
Quando acordei estava todo nú de meias, numa fabrica de conservas em Odivelas onde um grupo de 15 anões e uma anõa me olhavam com reverência.
Ao que parece aquilo era um clube de fans do filme "Charlie and the Chocolate Factory" mas que como eram alérgicos ao chocolate trocaram-no por paté de sardinha e queriam que eu fosse o seu Charlie e fizesse a versão "Acácio e a fabrica de Sardinhas Enlatadas" (o facto de eu não me chamar Acácio não lhe incomodou nada ao que parece)
É assim, usar roupas maradas e fazer mal a criancinhas até alinho, agora ter de tomar conta desta malta toda... isso já dá algum trabalho e trabalho não é comigo.
Mas pronto para não fazer a desfeita lá fiquei a mandar nos anões (não chamem é anão ao anão porque o anão não gosta que lhe chamem anão) e tornei-me no anão mais alto do mundo durante todo o fim-de-semana.
Mas os Xupa-Lupas (que é como se chamava o gang) queriam fazer tudo conforme mandam as regras e lá fizemos o concurso para que 4 pessoas visitassem a fábrica para lhes azucrinarmos a cabeça até mais não.
E eis que 4 latas de lulas de tomatada tinham no seu interior a quilha dourada e as 4 pessoas que se engasgaram com as mesmas foram convidadas a visitar a fábrica.
Nenhuma delas aceitou o convite (a unica coisa que tentaram foi processar a empresa pelos danos irreparaveis nas cordas vocais devido á quilha metalica que os deixou a comer por uma palhinha, mas como a empresa não existe tiveram azar, tambem o que é que esperavam de conservas grátis? E o mundo ganhou 3 mudos. Porque 1 deles já era antes do incidente.) o que deixou os Xupa-lupas muito tristes. Perguntaram-me, "ó Acácio, como é que é possível que as pessoas não queiram visitar a nossa mágica fábrica de conservas?"
Ao que eu respondi "Soces, eu já disse que não sou o Acácio. E se chamam magica a uma fábrica de botões de punho abandonada, cheia de latas de conserva fora de prazo e de vasilhas de paté de carapau importadas do Zimbabwe então estão mais queimados do que eu".
Os XL (que é uma sigla engraçada para um grupo de anões e o mais engraçado é que só agora e que reparei. Foi mesmo sem querer) fizeram um círculo e conversaram em voz baixa. Depois viraram-se para mim e deram-me uma carga de porrada.
Quando acordei estava de novo na Estacada do Carvão e eram 9:00.
Terá sido um sonho potenciado pela quantidade industrial de caldeirada de peixe maluco com 1 alcaboz, 3 sardinhas e 2 erozes que tinha comido ao pequeno-almoço.
Seriam extraterrestres que me induziram num coma conserveiro para me analisarem?
Não sei ao certo o que aconteceu. O que sei é que cada vez que passo no detector de metais do aeroporto acuso uma lata de sardinhas conservadas em óleo vegetal embutida nas costas.

Cuidado, eles andem ai!!!

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. komekei tás a dizer côsas cu tê pai nã sabia da missa à metade, nem da tua vêa inspiradôra p´ró nonsense.
    Serrá que o komekei tem potencialidades que o outro que tecla no ordenador.
    Sabia de algumas mas estava longe destas.
    Um abrace do???? nâ sê se sou aparentade com o komekei ó com o ôtre que tecla.
    Olha vô à vida e logue veje.

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